Revelando os Mistérios da Fé: Calvinismo e Arminianismo - Por: Presbítero Marcos Benedito - 31/03/2025

Imagina que Deus é um grande Rei que governa tudo no universo. Ele sabe de todas as coisas antes mesmo de acontecerem. O calvinismo ensina que Deus escolhe quem vai segui-Lo antes mesmo da pessoa nascer. Isso significa que Ele já decidiu quem vai acreditar n’Ele e ser salvo. As pessoas não escolhem seguir a Deus por si mesmas, mas sim porque Deus colocou essa vontade no coração delas.

Agora, o arminianismo acredita que Deus dá a todas as pessoas a chance de escolher segui-Lo ou não. Ou seja, cada pessoa tem o livre-arbítrio para decidir se quer acreditar em Deus e ser salva.

Então, a grande diferença entre os dois é:

Calvinismo: Deus escolhe as pessoas que serão salvas.

Arminianismo: As pessoas escolhem se querem ser salvas ou não.

Os dois ensinam que Deus é bom e ama as pessoas, mas explicam de formas diferentes como a salvação acontece!

Imagina que você tem um pai muito amoroso. Ele te ama de verdade, não importa o que aconteça. Mas, às vezes, você faz algo errado, como desobedecer ou brigar com alguém. Seu pai continua te amando, mas se você pedir desculpas, isso mostra que você entende o erro e quer melhorar.

No calvinismo, pedir perdão não muda se Deus já te escolheu ou não. Mas pedir perdão é importante porque mostra que você reconhece o erro e quer estar mais perto de Deus. É como quando você pede desculpa para alguém que ama—isso fortalece o relacionamento.

No arminianismo, como a escolha é sua, pedir perdão é ainda mais importante porque significa que você está escolhendo continuar perto de Deus e não se afastar d’Ele.

Em ambos os casos, pedir perdão não é para "ganhar" o amor de Deus, porque Ele já te ama. Mas é para manter o coração limpo e mostrar que você realmente quer viver do jeito que Ele ensina!

No calvinismo, se Deus já escolheu você para ser salvo, nada pode mudar isso. Então, mesmo que você peque e não peça perdão o tempo todo, Deus já decidiu que você vai estar com Ele no céu. Mas, se Deus não escolheu alguém, essa pessoa nunca iria pedir perdão de verdade e não seria salva.

No arminianismo, a escolha é sua. Se você parar de pedir perdão e viver no pecado sem se arrepender, pode acabar se afastando de Deus e, sim, ir para o inferno. Mas se você sempre busca a Deus, se arrepende e quer segui-Lo, então você será salvo.

No calvinismo, pedir perdão não muda se você vai para o céu ou não, porque Deus já decidiu.

No arminianismo, se você não pede perdão e se afasta de Deus, pode acabar no inferno.

Mas nos dois, pedir perdão mostra que você ama a Deus e quer estar perto d’Ele!

Os calvinistas, especialmente os que seguem a tradição reformada mais clássica, costumam ter uma visão crítica ou, no mínimo, cautelosa em relação às manifestações carismáticas como falar em línguas, profetizar, "sapatear no fogo" e outros fenômenos associados ao movimento pentecostal e neopentecostal. Essa visão varia dentro do próprio calvinismo, mas, em geral, pode ser dividida em três perspectivas principais:

1. Cessacionismo (Visão Tradicional Reformada)

A maioria dos calvinistas históricos segue o cessacionismo, a crença de que os dons miraculosos do Espírito Santo (como línguas, profecias e curas) foram dados à igreja primitiva para confirmar a autoridade dos apóstolos e a revelação do Novo Testamento. Com o fechamento do cânon bíblico, esses dons cessaram. Assim, manifestações como falar em línguas e profetizar são vistas como experiências emocionais ou até enganosas.

2. Continualismo Moderado (Reformados Carismáticos)

Alguns calvinistas admitem que Deus pode, ocasionalmente, agir de maneira extraordinária, mas sem considerar essas manifestações como normativas na igreja. Essa visão é encontrada em algumas igrejas reformadas mais abertas ao mover do Espírito, como no chamado calvinismo carismático (exemplo: John Piper e Wayne Grudem). Eles acreditam que os dons espirituais ainda podem ocorrer, mas devem ser testados pela Escritura e usados com ordem.

3. Rejeição ao Ênfase Neopentecostal

Mesmo os calvinistas mais abertos ao sobrenatural rejeitam fortemente o que consideram excessos emocionais e práticas antibíblicas, como o "cair no espírito", o "sapatear no fogo" e outras manifestações que, para eles, se distanciam da sobriedade bíblica. Movimentos neopentecostais que enfatizam prosperidade, atos proféticos e experiências sensoriais são vistos como desviados da verdadeira fé cristã.

De forma geral, os calvinistas tradicionais veem os fenômenos pentecostais como desnecessários ou problemáticos, enquanto alguns reformados mais carismáticos aceitam manifestações espirituais, desde que estejam sob controle bíblico. O ponto central para os calvinistas é que a fé deve ser fundamentada na Palavra de Deus, e não em experiências emocionais ou manifestações visíveis do Espírito Santo.

Um calvinista pode ser identificado como neopentecostal ou pentecostal?

Não, um calvinista não pode ser identificado como neopentecostal, pois o neopentecostalismo tem fundamentos teológicos muito diferentes do calvinismo. O neopentecostalismo enfatiza a teologia da prosperidade, atos proféticos, batalha espiritual exagerada e experiências sensoriais intensas, enquanto o calvinismo tem uma visão mais racional, bíblica e centrada na soberania de Deus. Essas duas correntes são teologicamente incompatíveis.

Quanto ao pentecostalismo, a questão é mais complexa. Um calvinista tradicional não pode ser identificado como pentecostal, pois o pentecostalismo enfatiza os dons do Espírito como falar em línguas e profetizar como sinais da presença de Deus, algo que os calvinistas cessacionistas rejeitam. No entanto, há uma vertente chamada calvinismo carismático, onde alguns reformados aceitam dons espirituais sem comprometer a doutrina da soberania de Deus e da suficiência da Escritura.

Calvinistas aceitam manifestações pentecostais?

Os calvinistas cessacionistas (a maioria) não aceitam, pois creem que esses dons cessaram com os apóstolos. Para eles, manifestações como falar em línguas e profetizar hoje são apenas experiências emocionais ou mesmo enganos espirituais.

Os calvinistas carismáticos, por outro lado, acreditam que Deus pode agir com sinais e dons espirituais, mas de forma moderada e sempre subordinada à Escritura. Um exemplo disso são teólogos como John Piper e Wayne Grudem, que aceitam dons espirituais sem seguir o modelo pentecostal clássico.

Cabe esse tipo de manifestação ao calvinismo?

Se for um calvinismo tradicional, não. O cessacionismo é a posição majoritária entre os reformados. No entanto, se for um calvinista carismático, pode haver uma abertura controlada a manifestações espirituais, mas sempre rejeitando os excessos e práticas neopentecostais.

Um calvinista nunca pode ser considerado neopentecostal, pois há incompatibilidade teológica.

Um calvinista dificilmente pode ser considerado pentecostal, mas pode haver abertura em casos de calvinistas carismáticos.

A maioria dos calvinistas rejeita manifestações como "sapatear no fogo", cair no espírito e falar em línguas como essenciais para a vida cristã.