No ambiente religioso, é comum vermos líderes ou membros que vivem aparentando estar sempre iniciando um novo projeto “para a glória de Deus”. Porém, muitas vezes, o que está por trás não é um mover genuíno do Espírito, mas a vaidade de um coração que deseja ser visto, reconhecido e aplaudido. O narcisista espiritual não suporta que outro se destaque no ministério — ainda que esse destaque seja fruto do agir de Deus e do Espírito Santo.
Sempre que alguém começa a florescer em um projeto — pregando com autoridade, cantando com unção, organizando com sabedoria ou servindo com excelência —, o narcisista se sente ameaçado. Em vez de se alegrar como João Batista, que disse: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30), o narcisista age como Saul, que ao ver Davi crescer, se enfureceu: “E desde aquele dia em diante, Saul olhou para Davi com inveja” (1 Samuel 18:9).
O narcisista prefere matar o projeto (como Saul tentou matar Davi) do que permitir que outra pessoa brilhe mais do que ele. E quando isso acontece, o projeto é encerrado abruptamente — não por falta de unção, direção ou propósito, mas por falta de espaço no coração do líder para aceitar que Deus pode usar outras pessoas também.
Passado algum tempo, o narcisista ressurge com “algo novo”, um novo grupo, ministério, ou visão, que na verdade é o mesmo projeto anterior — agora reconfigurado, mas com uma diferença: ele precisa estar à frente, no centro, e acima de todos. E se alguém, mais uma vez, começar a se destacar, o ciclo se repete. Ele destrói o que foi construído, muitas vezes culpando os outros, e começa tudo do zero.
Foi assim que os fariseus agiram com Jesus. Eles viam os milagres, ouviam os ensinamentos, sabiam que o povo O seguia e diziam:
“Vedes que nada aproveitais? Eis que o mundo vai após ele” (João 12:19).
Mas em vez de se submeterem ao Filho de Deus, preferiram matá-Lo para manter sua posição religiosa intacta.
Esse tipo de comportamento dentro da igreja não é apenas um traço de personalidade. É um sinal de doença espiritual. A Bíblia adverte:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 2:3).
O verdadeiro servo de Deus compreende que o ministério é coletivo, que os dons são diversos e vêm do mesmo Espírito (1 Coríntios 12:4-6), e que todos devem cooperar para edificação do Corpo de Cristo (Efésios 4:12).
Mas o narcisista espiritual não quer o Corpo — ele quer o trono. Ele não quer a edificação — ele quer o palco. Ele não quer cooperar — ele quer controlar. E por isso, Deus muitas vezes se retira de projetos que até começaram bem, mas que se tornaram um altar de adoração ao ego humano.
Se você se vê vivendo ou convivendo com esse tipo de ciclo — projetos que começam bem, mas são sempre interrompidos quando alguém se destaca — ore, reflita e peça discernimento.
Porque o novo, muitas vezes, é só o velho que o narcisista não permitiu que florescesse — porque ele não era o único a brilhar
“Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há confusão e toda obra má” (Tiago 3:16).
“Mas Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tiago 4:6).
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