O Narcisismo e o Desejo de Controle: Um Obstáculo Para o Crescimento da Obra de Deus - Por: Presbítero Marcos Benedito - 20/07/2025
O narcisista tem como objetivo o controle absoluto sobre todas as coisas. Quando ele percebe que perdeu o domínio ou que alguém ameaça sua posição central, ele prefere interromper o processo e recomeçar tudo do zero — contanto que seja ele quem esteja no comando. Isso explica por que, em muitos contextos, o avanço não acontece: o narcisista prefere manter todos paralisados à sua volta do que permitir que algo floresça sem sua permissão.
“Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.” (Tiago 3:16)
Esse tipo de comportamento revela insegurança disfarçada de zelo. O narcisista não delega, não compartilha, não confia. Precisa ser o centro das atenções, o porta-voz exclusivo, o dono do púlpito e da última palavra.
Na Bíblia, encontramos exemplos claros dessa postura.
O rei Saul, por exemplo, foi rejeitado por Deus porque não suportou ver o crescimento de Davi. Quando o povo começou a honrar Davi por suas conquistas, Saul se tornou seu inimigo:
“E as mulheres dançando diziam umas às outras: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares.” (1 Samuel 18:7)
Davi era um servo fiel, mas o ego de Saul não permitiu que ele crescesse. Ele perseguiu Davi porque não suportava ver alguém se destacar sem estar sob seu domínio. Isso é narcisismo em sua forma mais destrutiva.
Outro exemplo é o rei Nabucodonosor, que se exaltou dizendo:
“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Daniel 4:30)
Por causa disso, Deus o humilhou, tirando-lhe o entendimento e fazendo-o viver como animal. Isso mostra que o Senhor não divide Sua glória com ninguém:
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome! A minha glória, pois, não darei a outrem...” (Isaías 42:8)
No meio eclesiástico, o narcisismo é ainda mais danoso. Líderes inseguros impedem que os dons de outros se manifestem. Quando alguém canta melhor, prega com mais unção, organiza com mais sabedoria — logo é visto como ameaça. O líder narcisista prefere manter tudo do seu jeito, mesmo que estagnado.
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.” (1 Coríntios 12:4-5)
Quando não há espaço para que outros atuem, o Corpo de Cristo adoece. Deus não concentra todos os dons em uma única pessoa. Ele distribui, para que haja cooperação e crescimento mútuo.
Jesus também denunciou líderes religiosos que impediam o avanço do Reino por medo de perder o controle:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais entrar os que estão entrando.” (Mateus 23:13)
A verdade é clara: o narcisismo paralisa. Enquanto o narcisista não se sentir seguro e no controle total, ele não permitirá que nada avance. Isso é orgulho mascarado de cuidado.
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3)
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” (Provérbios 16:18)
Que possamos reconhecer o espírito de controle onde ele opera e rejeitá-lo. O verdadeiro servo não deseja domínio, mas frutificação. Não busca visibilidade, mas a glória de Deus. O líder espiritual é aquele que capacita, encoraja, forma e liberta, e não aquele que centraliza tudo em si mesmo.
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