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A QUEBRA DE CONFIANCA: QUANDO FERIDAS NA IGREJA AFETAM A FÉ - POR: PATRÍCIA ESTEVES - REVISTA COMUNHÃO - 03/07/2025

A experiência da fé quase sempre é construída em comunidade. E é exatamente por isso que, quando surgem conflitos e decepções dentro da própria igreja, o impacto tende a ser muito mais profundo do que em outros ambientes sociais. A quebra de confiança, especialmente quando envolve lideranças ou irmãos com quem se compartilha a caminhada espiritual, pode abalar não apenas os laços interpessoais, mas também o próprio vínculo com Deus e com a vivência da fé.

É comum que essas feridas não nasçam de grandes escândalos, mas de gestos aparentemente pequenos, como uma palavra mal colocada, uma promessa não cumprida, um julgamento precipitado.

No contexto da igreja, muitas vezes há uma expectativa implícita de que os relacionamentos serão diferentes dos que se vive fora dela. E quando essa expectativa é frustrada, o abalo pode gerar afastamento, confusão e até abandono da congregação.

“As decepções são inevitáveis”, diz pastor

> “As decepções praticamente são inevitáveis em algumas áreas de nossa vida, todavia quando as mesmas acontecem dentro do âmbito religioso, envolvendo líderes e irmãos, costuma ter um impacto maior.”

— Pr. Manoel Júnior, Igreja Evangélica de Praia Grande (SP)

Segundo o pastor Manoel, isso acontece porque esperamos perfeição nos líderes e irmãos de fé, algo que nem mesmo quem se sente ofendido possui. “Costumo dizer que muitas vezes queremos uma perfeição que nem nós mesmos temos”, observa.

Quando a dor espiritual vira solidão

Embora a Bíblia traga múltiplos relatos de conflitos entre discípulos e líderes — como os desentendimentos entre Paulo e Barnabé (Atos 15:36-41) —, ainda hoje muitos cristãos se envergonham de admitir que foram feridos dentro da própria comunidade.

Esse silêncio pode gerar isolamento progressivo, e o afastamento da igreja acaba vindo acompanhado de um distanciamento da fé.

> “Frustrações dentro da Igreja são para serem resolvidas, até porque pensamos diferente uns dos outros”, aconselha o pastor Manoel.

Para ele, o primeiro passo para lidar com a dor é buscar consolo e direção em Deus, mesmo quando a vontade é simplesmente se afastar:

> “Ore, busque ao Senhor, e Ele te ajudará. Busque orientação de alguém que possa realmente lhe ajudar, porque se afastar da congregação não ajudará em nada.”

Da frustração ao amadurecimento

O risco de transformar a dor em mágoa permanente é real. O caminho da cura exige tempo, esforço e humildade.

Além da oração pessoal, é necessário abrir espaço para o diálogo com pessoas maduras espiritual e emocionalmente. Em muitos casos, o acompanhamento de líderes experientes, conselheiros ou até psicólogos cristãos pode ser fundamental.

> “Na minha opinião, a melhor coisa é, ao nos depararmos com tal frustração, focar como se fosse com a gente, ou como resolver tal problema”, diz o pastor Manoel.

Ele destaca que o perdão é uma via de mão dupla:

> “Deus perdoa pecado, e nos ensina perdoar também.”

Essa transformação, no entanto, não é automática.

> “A transformação vem com o tempo, com a experiência que adquirimos ao buscar força no Senhor”, ensina o pastor.

Permanecer, apesar das feridas

A Bíblia orienta claramente sobre a importância da vida em comunidade, mesmo com suas imperfeições:

> “Não deixando nossa mútua congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.”

(Hebreus 10:25)

Esse não é um apelo para ignorar as dores, mas para enfrentá-las com maturidade, coragem e responsabilidade.

Permanecer, mesmo quando não é fácil, pode ser um testemunho de fé tão poderoso quanto uma pregação.

Reconhecer que todos são falhos, inclusive aqueles em quem um dia se confiou, pode abrir caminho para uma espiritualidade mais humilde e menos idealizada.

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